
Outro limite é a ilusão de se estar em contato com todo mundo, às vezes esquecendo quem está perto. "A informação não substitui a ação", adverte Heitor. Ele lembra, nesse contexto, uma dica que acompanhava o convite para participar de uma manifestação: "Repasse para os outros, mas não se esqueça de que não se faz solidariedade só sentado diante do micro".
Esses e outros limites à parte, Heitor está convencido de que vale a pena investir. Continua se dedicando ao estudo das questões do racismo e do diálogo inter-religioso, acompanha grupos e comunidades, presta assessoria, faz celebrações. E ao lado de tudo isso, ainda encontra tempo para divulgar informações e trocar materiais pelos mares da Internet, cultivando a "esperança num possível futuro melhor".
Integrante da equipe de redação de SEM FRONTEIRAS, desde o ano passado ele coloca mensalmente a revista na Internet. É assim que SEM FRONTEIRAS se tornou a primeira revista católica do país a poder ser acessada, via computador, em qualquer parte do mundo. "Afinal de contas, o nome da revista combina bem com a Internet, não acha?", ele diz.
Entrevista
Missão e Internet. São conciliáveis?
Heitor – Isso é mais ou menos como perguntar se missão e telefone, missão e avião ou missão e revistas são conciliáveis. Para alguns tipos de presença pastoral e evangelizadora, sim. Para outros, não mesmo.
Por exemplo...
Para quem trabalha com meios de comunicação, informação ou contatos internacionais com pessoas e entidades do mundo inteiro, acho que é quase indispensável. É muito útil, também, para instituições que trabalham com direitos humanos e precisam espalhar informações e denúncias por aí. Já para alguém que quer viver como pobre entre os pobres, anunciando um Cristo simples e solidário... Bem, acho que não iria querer ter um computador em casa e mexer com a Internet o dia todo, assim como provavelmente não iria querer usar carro ou telefone.
Jesus usaria?
– Não consigo imaginar. Mas um evangelista ou um apóstolo, como São Paulo, sem dúvida. Afinal, foi algo parecido que ele e outros fizeram naquele tempo: usaram textos escritos, que eram o meio mais rápido e mais facilmente reproduzível em lugares distantes. Apesar de que isso iria tirar uma certa "alma" do testemunho pessoal. Para isso, é insubstituível a comunidade.
Apesar de tudo, você parece muito confiante no poder da Internet...
– Nem tanto. O que eu quero dizer é que é um espaço que não pode ser desprezado. É possível usar a Internet para favorecer a comunicação, o intercâmbio e a solidariedade entre os pequenos, reduzindo o tempos, distâncias e custos de tudo isso. Como dizem Pedro Casaldáliga e José Maria Vigil na Agenda Latino-Americana 96, é possível uma outra globalização. É possível usar essas facilidades de comunicação para ajudar a construir um mundo mais solidário, trabalhando juntos.
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Revista Sem Fronteiras
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