Acesso ao Blog - 25/10/2009

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sábado, agosto 22, 2009

Permanecei em mim



(Jo 15,4) 
Jesus, no exercício do seu magistério, se dirige aos seus discípulos, muitas vezes, usando muitos imperativos. Estes imperativos guardam no seu interior um amálgama de ordem e de convocação-convite. Parece contraditório. Tem, no entanto, força educativa que possibilita que se alcance objetivos e metas para proporcionar aos discípulos o desabrochamento pleno de sua condição humana. A convocação provoca a liberdade dos discípulos e aciona a sua competência de escolha. O discípulo escolhe e usa de sua liberdade. O coração fica, então, presidido por aquela dinâmica que acende a consciência da própria importância e da necessidade de se assumir uma postura-resposta diante daquele que convoca. Mas, no reverso da convocação está também o sentido de ordem. O Senhor sabe que fora desta intimidade não há outro caminho para os seus discípulos, com a garantia de fecundidade e de vivência autêntica da vida recebida como dom. Trata-se de uma intimidade fundamental e imprescindível. Sem ela os discípulos correm riscos, perdem rumos e não produzem frutos duradouros. Sem esta intimidade os discípulos caminham sem suporte e não se nutrem da fonte inesgotável. ‘Permanecei em mim’ é a liberdade do discípulo contracenando com a sua única possibilidade de vida. Fora d’Ele, Cristo, absolutamente nada. N’Ele tudo. Ele a única condição verdadeira de vida. A intimidade com Ele é a garantia da vida. Longe dele a vida não é fecunda.

A videira e os ramos 
O simbolismo que o Mestre usa, então, para compor o sentido deste amálgama de convite-intimação e ordem, ‘Permanecei em mim’, é o da videira e dos ramos. Ele usa este simbolismo para explicitar aos seus discípulos o sentido e o alcance desta intimidade. O ramo fora da árvore não é nada. Sua vitalidade e capacitação para produzir fruto vêm da árvore à qual ele pertence e na qual está enxertado. O esvaziamento ou superficialidade desta condição de pertença geram a condição que incapacita para dar frutos. Há uma perda de sua própria razão e uma esterilização de sua verdadeira condição. O ramo não produz fruto. Seu destino será trágico, o corte. Cortado seca e não serve para outra coisa a não ser para ser queimado. A perda de sua vitalidade explica-se, pois, pelo destacar-se da árvore na sua condição única de poder receber a seiva que lhe proporciona a condição de produzir frutos. O Mestre, com a metáfora da videira e dos ramos, cria nos discípulos esta convicção do quanto é insubstituível a condição de intimidade e pertença a ele. Daí decorre a exigência de seu cultivo pela consciência de pertencer a Ele. Uma consciência de pertença que deve povoar quotidianamente o coração com aqueles afetos que produzem o sentido da adesão, traduzido na conduta pessoal que se revela pelos frutos no jeito de ser do Senhor e Mestre. Os frutos só vêm da força fecundante que está na árvore. Apartar-se de Cristo é um verdadeiro suicídio, inviabilizando a fecundidade da conduta do discípulo. Torna-se ramo seco. Não serve para nada. Só para ser lançado no fogo. Perece eternamente, é a conseqüência trágica da separação da fonte verdadeira da vida, Cristo.

O Pai é o agricultor 
‘Permanecei em mim e eu permanecerei em vós’! O Mestre sabe que não tem outra alternativa para vida dos seus. Esta mútua inserção, na força da intimidade que estreita os laços, laços com raízes, gera no discípulo a identidade límpida e dignificante da filiação. Permanecer n’Ele significa assimilar o jeito de viver de filho. O jeito d’Ele, o Filho Bem Amado. Um jeito de ser inspirado e vivido na dinâmica da filiação. Uma filiação para garantir a todos os discípulos e discípulas a mesma condição e os mesmos direitos de ter o seu pai como o pai de todos. O pai que é nesta relação de intimidade profunda e de pertença, videira e ramos, o agricultor. É do pai que vêm os cuidados, cortando, limpando e fazendo crescer para multiplicar a fecundidade da inserção, garantindo a abundância de frutos. Outro modo não há para se alcançar esta abundância de frutos. Só a fiel referência e fidelidade ao Pai, pela assimilação do jeito de ser do Filho na conduta pessoal, permitem a fecundidade almejada dos frutos produzidos.

Pedi o que quiserdes 
O diálogo do Mestre toca o coração dos seus discípulos no mais profundo dos seus desejos. Ora, o coração humano é cheio de desejos. Uma verdadeira avalanche de desejos. A força do desejo sustenta a vitalidade da caminhada, alimenta os sonhos que não deixam desanimar. Muitas vezes, também, amarga a experiência pela força incontrolável de sua dinâmica de procura e pelos rumos tomados na vida, arrastada por sua incontrolável influência. O Senhor garante que o cultivo da intimidade com Ele fecunda a competência do discípulo na conquista dos seus desejos. Na medida da profundidade desta inserção que atinge o ápice da comunhão, o discípulo pode conseguir tudo. Tudo o que ele pedir será concedido. Só uma é a condição. A condição é a garantia da intimidade profunda com Aquele que tudo pode conceder. Esta condição está na exigência da fidelidade às suas palavras. Palavras que são o seu jeito de ser na produção de frutos em abundância. É a vida compreendida e vivida como altar de permanente oferta, caminho de bondade para com todos, em todos os gestos e palavras. O Senhor indica que antes de fixar o olhar nos próprios desejos, é preciso disposição no cultivo da intimidade com Ele. Permanecer nele é a condição insubstituível para a realização plena dos próprios desejos. É um poder que se conquista. Um poder modulado pela intimidade com o coração de Deus. Um poder sem riscos. Um poder ser bom e convencer-se sempre mais que íntimo de Deus, verdadeiramente, é todo aquele que sempre faz o bem e se demove sempre do mal. O bem é o seu único desejo.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte

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