Acesso ao Blog - 25/10/2009

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quarta-feira, abril 21, 2010

Emmir Nogueira- De como o diabo ama a verdade


Tem gente que diz que o Diabo é muito burro, tem gente que diz ser ele muito esperto. Os do primeiro time, alegam que sua burrice consiste em não submeter-se a Deus e querer ser igual a Ele. Os da segunda turma alegam que ele quase sempre nos consegue enganar. Se me perguntassem, diria que não importa sob qual perspectiva, ele é muito pouco inteligente, ou, no mínimo, muito pouco sábio, porque com relação ao reconhecimento da soberania de Deus, foi derrotado antes de nossa criação e, com relação a enganar-nos, certamente sairá perdendo ...SE – e este é o desafio! – SE, pela graça de Deus, nós dermos a vitória ao Senhor de nossas vidas.
Para isso, algumas virtudes, dons e frutos do Espírito Santo são essenciais: fortaleza, temor de Deus, prudência, sabedoria e o hoje em dia tão esquecido discernimento dos espíritos. Partilho brevemente com vocês a “semente de bananeira” que tenho colhido ao longo das milhares de lutas destes 28 anos de caminhada com relação ao discernimento dos espíritos e a ação do maligno, conhecido aqui no Nordeste como “cão”. É a mesma partilha que fiz com os formadores pessoais e comunitários de Fortaleza, em uma tentativa de auxiliar o desmascaramento de sua ação em nossas vidas e no meio de nós.
Veja bem: o diabo ama a verdade. Parece heresia, não é? O próprio Jesus, em Jo 8,42, diz que ele é o pai da mentira. Como, então, amaria a verdade? Deixa de ser heresia quando você se lembra de que, para ele, amar significa “amar-se”, isso é, buscar sempre o próprio proveito, o próprio gosto, o próprio prazer. Assim, ele ama a verdade ao seu jeito: para aproveitar-se dela com a finalidade de enganar o homem e levá-lo a dirigir a si próprio o seu amor, isto é, o desejo de servir a si mesmo.
Para entender melhor, observe: o demônio sempre parte de uma verdade. De preferência uma verdade constatável, mensurável. Por exemplo: “Seu marido chegou tarde, hoje”, ou: “As estruturas da comunidade e da obra são inadequadas”, ou ainda: “Você está se acabando! O tempo está passando!”. O ponto de partida é quase sempre uma verdade constatável, aparente. Basta olhar no relógio e ver que o marido chegou tarde. É suficiente fazer um exame objetivo para verificar que as estruturas de autoridade de comunidade e de organização da obra são inadequadas. Um exame breve vai-lhe fazer constatar que, de fato, você está se acabando e o tempo está passando: o espelho denuncia, seu corpo e mente cansados atestam.
Até aí, nada de pernicioso ou ambíguo. O que vem a partir daí é que são elas...
Partindo de uma verdade - o marido que chegou tarde, por exemplo - posso ter duas posturas divergentes. Ou eu faço um escarcéu e o ponho para fora de casa a ameaçá-lo um rolo de abrir massa, ou espero que ele acorde às duas da tarde do dia seguinte para conversarmos sobre o ocorrido e tratarmos de nos reconciliar. O primeiro é o caminho do orgulho. O segundo, o do amor. O primeiro é o mais fácil, é tudo o que eu quero em minha fraqueza, é a vingança que me “justifica” e satisfaz. O segundo é o mais difícil. É tudo o que não quero em minha carne, em meu orgulho, em minha fraqueza: perdoar ao invés de me vingar, amar ao invés de odiar. O segundo caminho, o do amor, traz morte para si mesmo e sofrimento momentâneo que logo passa e dá lugar à paz. A primeira via, a do orgulho, traz morte e sofrimento nesta vida e na outra. Nunca passa e tira a paz para sempre. Foi o caminho que o demônio escolheu a partir da verdade – a santidade de Deus, sua beleza e onipotência – mas reagindo a ela a partir do orgulho e da cegueira que ele causa. É o orgulho que gera a cegueira e a reação de ódio. O orgulho é a terrível raiz!
A postura do amor, não somente resolve o problema no momento de prova, no momento em que constatamos a verdade e, aos poucos, no futuro, mas também deixa o pensamento e os sentimentos livres e pacificados para ocuparem-se em amar mais. A atitude do ódio, além de agravar o problema naquele momento e no futuro, escraviza o pensamento e envolve os sentimentos em um turbilhão sem fim de críticas, julgamentos, maledicências, insônia, rancor, ressentimento... um trailler do inferno!
Postura do amor: “É verdade. Ele chegou tarde. Sua atitude me humilha, me fere, vai contra os meus príncípios. Porém, por amor a Deus, decido responder com amor. Decido responder evangelicamente. Decido, com a graça de Deus, dar a outra face. Sei que isso não significa fazer de conta que nada aconteceu. Sei também que não significa inventar desculpas para a atitude dele como se ele fosse um abobalhado sem vontade. Não! Ele errou e é responsável por seu erro. Quanto a mim, sou responsável por amá-lo em seu erro, sem exigir que ele mude para ser amado. Em vez de fazer um escarcéu, um drama, vou esperar que ele acorde para conversarmos na caridade em vistas do perdão”.
Postura do orgulho que gera desconfiança e ódio: “Ah, desgraçado! Isso é hora de chegar! Aposto que estava com outra mulher! A camisa está toda amassada! Ele não me engana! Por isso é que estava com um sorriso amarelo, ontem! Por isso é que, anteontem, não parava de falar no celular! Por isso é que não quis jantar três dias atrás! Aliás, nem presente de aniversário ele me deu! Tem mesmo outra o sem-vergonha! Vou acordá-lo com uma boa bolacha na cara e exigir que ele se retrate ou suma de vez!”
Veja: são duas posturas opostas a partir de uma mesma verdade. À primeira, conduziu o Espírito de Amor. À segunda, incitou o demônio. Na primeira, a fraqueza natural (concupiscência) foi vencida por amor a Deus e o caminho escolhido foi a porta estreita proposta a todo cristão, sem exceção, como caminho de amor. Resultado: frutos do Espírito, caridade, sofrimento momentâneo provocado pela luta contra o orgulho e egoísmo e paz duradoura.
Na segunda, a fraqueza natural (concupiscência) deu entrada à tentação e foi vencida por ela, pelo amor a si mesmo. O caminho escolhido foi o caminho largo, a porta larga, pelo qual passam os covardes, os perdedores, os orgulhosos, os que não se vencem a si mesmos, mas deixam-se vencer por qualquer insinuação da tentação e fraqueza. Resultado: frutos da carne, desamor, sofrimento estéril e prolongado.
A partir de uma verdade, de uma realidade constatável, cabe a você ou bem escolher o caminho largo do desamor, que é, na verdade, orgulho que cega e leva ao egoísmo, amor a si mesmo, ou bem o caminho estreito do amor que prefere livremente morrer para que o outro viva, que decide livremente amar o imperfeito, o pecador, o não amável, como recomendam os Escritos em “Amor Esponsal”. Pelo amor ao não amável você identifica-se com Jesus Esposo que escolheu amar e unir-se exatamente... ao imperfeito, ao pecador. (escrevo sobre isso de outra vez, em homenagem ao Damião).
Este mesmo princípio – tão simples! – aplica-se à vida comunitária, ao relacionamento com as autoridades e estruturas da vocação e da obra. Exigir deles a perfeição para amá-los, seria infantil, uma exigência típica da adolescência, que bate o pé e exige “o pai perfeito”, “a mãe perfeita”, “o mundo perfeito” e, afetiva ou até fisicamente, afasta-se deles, quer fugindo de casa, quer agredindo-os, quer refugiando-se em seu mundo adolescente de música alta, quarto escuro e fechado, televisão e Internet dia e noite e fantasias de onipotência, perfeição, grandeza. O adolescente não enxerga seus próprios limites e imperfeições, mas crê ter a solução para todos os problemas da humanidade e acredita piamente que faria diferente no lugar dos seus pais. Se não fosse sua imaturidade natural, tornar-se-ia ridículo em seu orgulho.
Também com relação à comunidade e à obra, o demônio toma por base uma realidade evidente, como, por exemplo: as cartas e pedidos demoram a ser discernidos; as coisas não são bem explicadas; a alimentação não é adequada. A partir desta verdade facilmente constatável, estamos, novamente, diante de duas estradas. Uma estreita, que é a do amor ao imperfeito, a esperança que justifica e explica a “paciência histórica” e que é o fundamento da confiança nos irmãos e seu desejo de acertar. Esta aperta, humilha, faz doer nosso orgulho que exige tudo perfeito. A outra, larga, que é a do amor a si mesmo, a do orgulho que se expande à solta, em críticas, julgamentos, falatórios e propostas de soluções unilaterais para resolver o problema. O fruto da estrada larga: desconfiança e conseqüente divisão, desesperança, desistência, pecado, infidelidade, desestímulo, ódio. O fruto da estrada estreita: confiança apesar de tudo (como a de Jesus para com Pedro, que o negou); unidade renovada “para o que der e vier”; esperança de que, juntos, vivendo a radicalidade do evangelho, conseguiremos acertar; purificação dos nossos impulsos para o pecado; fidelidade à vocação; re-escolha da vocação; novo entusiasmo, amor.
A cada dia, em sua vida, você vai encontrar-se diante de situações desagradáveis facilmente constatáveis. A cada vez, você terá que reagir. Em cada situação, poderá escolher uma das duas portas, uma das duas estradas. Diante de você há uma realidade a ser acolhida, verdadeiramente amada por Deus, que aponta sempre a estrada estreita de morrer para si para que o outro vida. Esta mesma realidade a ser acolhida é falsamente amada pelo demônio que a toma por plataforma para destruir você e aquilo que você ama e oferece a estrada larga do mundo, da carne, do orgulho disfarçado.
Volta a velha história do Deuteronômio: diante de você, o bem e o mal. As duas estradas de que fala Jesus. Uma, a estreita, conduz à vida. Outra, a larga, conduz à perdição. Sob os seus pés, no vértice da bifurcação, está a realidade, nem sempre agradável. Que caminho você escolhe?
Pessoalmente, por vezes escolhi o largo, por vezes o estreito. A cada vez que, com a melhor das intenções, escolhi o largo, encontrei a morte da caridade, da vocação, da paz. A cada vez que, ainda que chorando e gemendo, escolhi o estreito, encontrei a vida da caridade, da vocação e da paz. O fato de eu ter pecado e errado tantas vezes, o fato de Deus me ter levantado e lavado meus olhos com a lama da humildade, o fato de eu amar o carisma, a vocação e você me dão a autoridade de indicar-lhe o melhor caminho.


Deus o abençoe.
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por Maria Emmir Nogueira, Co-fundadora da Comunidade Shalom ,Comunidade Católica Shalom

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