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quinta-feira, agosto 04, 2011

Frei Raniero: "A alma de todo sacerdócio"


Uma relação pessoal, cheia de confiança e de amizade com a pessoa de Jesus, é a alma de todo sacerdócio. Neste Ano Sacerdotal, voltei a ler o livro do abade Jean-Baptiste Chautard, A alma de todo apostolado", que fez tão bem e sacudiu tantas consciências nos anos anteriores ao Concílio. Em um momento em que se dava um grande entusiasmo pelas “obras paroquiais”: cinema, jogos, iniciativas sociais, círculos culturais, o autor voltava a centrar bruscamente a atenção sobre o problema, denunciando o perigo de um ativismo vazio. “Deus –escrevia– quer que Jesus seja a vida das obras”.

Não reduzia a importância das atividades pastorais, no entanto, afirmava que sem uma vida de união com Cristo, não eram mais que “muletas” ou, como as definia São Bernardo, “malditas ocupações”. Jesus disse a Pedro: “Simão, tu me amas? Apascenta minhas ovelhas”. A ação pastoral de todo ministro da Igreja, desde o Papa até o último sacerdote, não é mais que a expressão concreta do amor por Cristo. “Tu me amas? Então apascenta”. O amor por Jesus marca a diferença entre o sacerdote funcionário ou executivo e o sacerdote servo de Cristo e dispensador dos mistérios de Deus.

O livro do abade Chautard poderia ter o título “A alma de todo sacerdócio”, pois em toda a obra fala d’Ele como agente e responsável em primeira linha da pastoral da Igreja. Naquela época, o perigo ante o qual se tentava reagir era o chamado “americanismo”. O abade se remonta com frequência, de fato, à carta de Leão XIII Testem benevolentiae, que hava condenado essa "heresia".

Hoje esta heresia, se de heresia pode-se falar, já não só é “americana”, mas uma ameaça que, inclusive por causa da diminuição da proporção de sacerdotes, afeta o clero de toda Igreja: chama-se ativismo frenético. (Por outro lado, muitas das instâncias que procediam naquele tempo dos cristãos dos Estados Unidos, e em particular do movimento criado pelo servo de Deus Isaac Hecker, fundador dos Paulist Fathers, tachadas de "americanismo", por exemplo, a liberdade de consciência e a necessidade de um diálogo com o mundo moderno, não eram heresias, mas instâncias proféticas que o Concílio Vaticano II fará em parte suas).

O primeiro passo para fazer de Jesus a alma do próprio sacerdócio consiste em passar do personagem Jesus ao Jesus pessoa. O personagem é alguém “de” quem se pode falar com alegria, mas “a” quem ninguém pode dirigir-se e “com” quem ninguém pode falar. Pode-se falar de Alexandre Magno, de Júlio César, de Napoleão tudo o que se quiser, mas se alguém dissesse que fala com alguns deles, lhe mandariam direto para o psiquiatra. A pessoa, pelo contrário, é alguém com quem se pode falar e a quem se pode escutar. Quando Jesus não é mais que um conjunto de notícias, de dogmas ou de heresias, alguém do passado, uma memória, não uma presença, fica-se em um personagem. É necessário convencer-se de que está vivo e presente. É mais importante falar com ele que falar d’Ele.

Um dos aspectos mais bonitos da figura do Dom Camilo, de Giovanni Guareschi, tendo obviamente em conta o gênero literário, aprecia-se quando fala em voz alta com o Crucifixo sobretudo o que lhe sucede na paróquia. Se nos acostumássemos a fazer isso, com tanta espontaneidade, com nossas palavras, quanto mudaria em nossa vida sacerdotal! Nos daremos conta de que não falamos ao vazio, mas a alguém que está presente, que escuta e reponde, talvez não em voz alta como a Dom Camilo.


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por Frei Raniero Cantalamessa, Pregador do Vaticano 

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